Suplement CLXIV

Revista de Cultura Brasileña, No. 80, (1965), pp. 793-794

REVISTA DE REVISTAS

Os órgãos eléctricos dos peixes, por Roger Dajoz. — A produção de electricidade pelos tecidos vivos e, em particular pelos músculos e tecidos nervosos, é fenómeno bem conhecido, embora, no caso por exemplo do homem, a diferença de potencial à superfície da pele, seja da ordem, apenas de 1 a 2 milésimas de vóltio. Mas é nos peixes que se têm verificado as correntes eléctricas mais fortes, que podem atingir, no caso duma espécie de tremelga do Norte do Atlântico, o torpedo nobiliana, uma intensidade de 50 amperes, sob uma diferença de potencial da ordem de 60 vóltios.

A existência, aliás, de peixes eléctricos era iá conhecida dos romanos, que utilizavam, ao que parece, as descargas do torpedo ou tremelga, à maneira de electrochoque, para curar determinadas doenças nervosas.

Hoje, graças sobretudo ao oscilógrafo catódico e aos trabalhos sistemáticos de H. W. Lissmann, da Universidade de Cambridge, toda a fenomenologia relacionada com este tema se encontra largamente estudada, sendo conhecidas mais de 300 espécies diferentes de peixes dotados de órgãos eléctricos, colocados simetricamente de ambos os lados do corpo. A par dos que utilizam a energia eléctrica quer para defesa própria quer para entorpecer as suas presas, há outras espécies, bem mais numerosas, que emitem descargas bastante mais fracas, mas de maneira continua, cuia utilidade, a principio misteriosa, parece ser análoga à do radar, permitindo-lhes orientar-se e evitar os obstáculos, mesmo durante a noite e em fundos particularmente escuros.

Nos torpedos, peixes marinhos pertencentes aos seláceos e semelhantes à raia vulgar, e cujas dimensões podem atingir cerca de dois metros, os respectivos órgãos eléctricos, que chegam a pesar obra de um quarto do seu peso total, são constituídos por uma infinidade de «prismas» de 4 a 8 mm de diâmetro, apertados uns contra os outros cuio número se eleva a uns 2 000 no caso do já referido torpedo nobiliana.

Noutras espécies, como o gimnoto, ou enguia eléctrica, de alguns rios da América do Sul, e que atinge obra de 2 metros de comprimento, os respectivos órgãos eléctricos, muito volumosos, correspondendo a mais de 35% do respectivo peso total, o número dos «prismas» é apenas de uns 70, em cada um dos órgãos simétricos, mas com a particularidade de esses «prismas» serem constituídos individualmente por 6 000 a 10000 «electroplacas» ao passo que no torpedo o respectivo número é apenas de um milhar.

A consequência prática é que no gimnoto, como aliás noutras espécies de água doce, má condutora de electricidade, graças ao número elevado de electroplacas, se atingem tensões relativamente elevadas, da ordem de 400 V. embora com a intensidade modesta de cerca de um ampere: ao passo que em espécies marinhas, como o torpedo, com menor número de electroplacas, a tensão é apenas de 45 a 60 V. que mais não exige a relativa conductibilidade da água salgada, mas isso contrabalançado por uma por uma forte intensidade das respectivas descargas, que podem atingir cerca de 50 A. graças ao elevado número dos seus 2 000 «prismas» postos em paralelo.

Num, como noutro caso, a energia libertada serve a estes peixes, quer para «fulminar» os animais de que se defenderem dos que os atacam. Basta, por exemplo, uma única descarga, ao torpedo, para se libertar das tenazes vigorosas e cortantes dum caranguejo. No caso do gimnot, verificou-se, em ambiente de aquários, que as suas descargas conseguiam paralisar uma rã a mais de um metro de distância. Trata-se, aliás, dum peixe muito resistente à fadiga, tendo-se verificado, por exemplo, que, após se terem provocado 150 descargas no espaço de uma hora, mal se notava ainda uma baixa da respectiva tensão.

A duração destas descargas varia conforme as espécies. No caso, por exemplo, do torpedo marmorata, cada descarga é constituída por uma série de 4 a 10 impulsos eléctricos de 3 a 4 milisseeundos cada um; no gimnoto os impulsos são de 4 a 8, com a duração individual de apenas 2 a 3 milésimos de segundo.

Ao lado destas espécies capazes de produzirem fortes descargas intermitentes, outras há que emitem impulsos em forma mais ou menos contínua, mas sob uma tensão bastante mais reduzida, da ordem de 0,3 a 2 V apenas.

É o caso por exemplo, do gymnarchus niloticus, um peixe africano de água doce, com cerca de 1.60 metros, e oue é capaz de detectar e localizar as presas com grande precisão. O ritmo das vibrações eléctricas que emite é notàve’mente constante, (da ordem de 300 por segundo), variando apenas em função da temperatura. A 28 graus, cada descarga dura 1,3 milissegundos, seguindo-se-lhe um intervalo de 2,3 milissegundos, antes da descarga subsequente. Cria assim, à sua volta, um campo eléctrico, com uma tensão negativa localizada na cauda, em relação à cabeça. Isto permite-lbe localizar facilmente determinados obiectos, com reacções especificamente diferentes, conforme se trata ou não de corpos condutores.

Entre as numerosas experiências com ele realizadas, consistiu uma delas em o colocar num aquário pouco profundo, dentro do qual foram postas quatro barras de cobre, de forma a delimitar uma espécie de rectângulo. O gimnarco reace então como se estivesse encerrado numa gaiola: todas as vezes que se anrox’ma duma das barras, dá meia volta e foge assustado, antrando a nadar um pouco de lado e quanto possível à superfície da água. Substituindo o metal por uma substância da mesma forma mas não condutora, desanarece totalmente esta curiosa atitude de fuga. — La Nature, Paris, Abril de 1965, págs. 129-137.

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Реферативный журнал «Биология», 1954, № 2, cтр. 186-167.

2 И15 УДК 5970/‚5-14

Электрические органы рыб. Dajoz Roger. Les organes Electriques les poissons. «Nature. Sci. progr.» 1965, Nr 3360, 129—137 (франц.)

Электрические органы (ЭО) имеют > 300 видов рыб. У некоторых из них ЭО служат для защиты и оглушения жертвы, но у большинства — для создания электрического поля, помогающего обнаруживать врагов и жертв и обходить препятствия в мутных водах и при ночном образе жизни. Основу ЭО составляют «электропластины» (ЭП). Каждая ЭП сильно уплощена и одна из ее поверхностей иннервируется многочисленными нервными окончаниями. У электрического угря в каждом столбике (С) насчитывается 6 — 10 тыс. ЭП, у ската Torpedo nobiliana — 1 тыс. ЭП. У угря ЭП в С соединены последовательно, что позволяет производить разряд (Р) напряжением до 400 в, но ток слабый (~ 1 а), т. к. имеется всего лишь 70 С, соединенных параллельно (это связано с тем, что пресная вода, в к-рой обитает рыба‚— плохой проводник). У T. nobiliana, живущего в морской воде, всего лишь 1 тыс. ЭП в С и напряжение достигает только 60 в, но параллельное соединение 2000 С позволяет давать ток силой в 50 а. Продолжительность Р и его характер зависят от видовых особенностей и условий среды. Каждый Р представляет собой последовательность импульсов. У T. marmorata Р состоит из 4 — 10 импульсов, продолжительностью 3 — 4 мсек. каждый, у угря — из 4 — 8 импульсов, длительностью 2 — 3 мсек. Угорь парализует лягушку, находящуюся от него на расстоянии 1 м. В отличие от угря, ската и электрического сома мормириды и остальные гимнотиды дают ток напряжением лишь в 0,3 — 2 в. Gymnarchus niloticus изучали в лабораторных условиях. Оказалось, что он создает поле, при к-ром электрические силовые линии сходятся к голове. Р испускаются в постоянном ритме, зависящем от т-ры воды t ~ 300 Р в 1 сек при 28° каждый Р длится 1,3 мсек., а «период покоя» — 2,3 мсек. Рыба обнаруживает большую чувствительность к злектрическому полю: улавливает напряженность в 0,3 µв/см. С помощью своего «радара» гимнарх обнаруживает стеклянную палочку диам. 2 мм. У рыбы из р. Clarias ЭО нет, однако она в состоянии обнаружить слабые токи, возникающие в воде при перемещении других рыб в магнитном поле Земли. Выявлено назначение загадочных «мормиромастов» (ММ), локализованньтх в многослойном эпидермисе у мормирид, к-рый служит изолятором (ММ особенно многочисленны на голове и рыле и отсутствуют в хвостовой части тела, где находятся ЭО). ММ связаны с наружной средой каналом, заполненным слизью (она хороший про-водник); злектроток воспринимается чувствительными клетками. Роль ММ у ската выполняют лоренциниевы ампулы, к-рые ошибочно считали терморецепторамиММ и эти ампулы — видоизмененные рецепторы системы боковой линии.                                        В. Макушок

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